Eu?

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o outro.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

tumba anônima

Eu tô me esquecendo do teu cheiro, sorriso, gosto. É como se fosse um morto, do qual se perde a foto, e esquece o rosto. São como todos aqueles cadáveres queimados que não se pode identificar. Ou uma criança sequestrada que não se pede resgate pra pagar. Talvez pudesse comparar com alguma doença rara, que mesmo em tempo de ciência clara, a cura insiste ocultar. Não terá nome em tua lápide, mero bípede. E ninguém vai rezar pela tua alma, clemente. Será enterrado como um indigente, cova rasa, sem choro de parente. Tua caveira perderá olho, pele, dente. Teu corpo, antes quente, será mais frio que a geleira de Ross. Tua boca não emitirá voz. Só os vermes partilharão tua companhia com esfuziante alegria. Tua tumba anônima, será violada noite e dia, e teus ossos, usados em magia.
Eu não tenho pena de ti. Porque o meu coração parou de bater e há muito tempo morri. Também não pense que é eterno. Quem sabe não nos encontramos no inferno? Ao nono círculo, o dos traidores e, mergulhados no Cócito, abraçados como ex-amantes, compartilharemos extremos horrores.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Meu amado cavaleiro

Ficar abraçado contigo é o meu abrigo. É tudo que eu preciso. E não é só porque tu tens o mais belo sorriso, o humor de Dionísio e a força do leão. É pela retidão em teu peito, tua coragem e teus feitos; que me estremecem o coração. Dizem aos sete ventos: tua beleza inspira poetas, teu olhar provoca paixão. Deixa eu ser teu escudeiro, meu amado cavaleiro. Te amar a vida inteira é a minha vocação.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Um verão sem sol

Do sangue que jorra do meu coração,
escrevi este poema.

As palavras soam cacofônicas,
afônicas,
não rima um fonema.

Eu nunca rezei ao Senhor,
essa é a mais pura verdade.
Mas agora, de mãos juntas,
imploro piedade.

Cura-me de tamanha atrocidade.

Devolve meu amor: lindo, largo, lânguido.

Faz voltar a ser cândido
e me proteja da dor.

Põe teu cupido certeiro,
aquele que foi melhor arqueiro.

E juro eu, Senhor:
terás meu eterno louvor.