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o outro.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

tumba anônima

Eu tô me esquecendo do teu cheiro, sorriso, gosto. É como se fosse um morto, do qual se perde a foto, e esquece o rosto. São como todos aqueles cadáveres queimados que não se pode identificar. Ou uma criança sequestrada que não se pede resgate pra pagar. Talvez pudesse comparar com alguma doença rara, que mesmo em tempo de ciência clara, a cura insiste ocultar. Não terá nome em tua lápide, mero bípede. E ninguém vai rezar pela tua alma, clemente. Será enterrado como um indigente, cova rasa, sem choro de parente. Tua caveira perderá olho, pele, dente. Teu corpo, antes quente, será mais frio que a geleira de Ross. Tua boca não emitirá voz. Só os vermes partilharão tua companhia com esfuziante alegria. Tua tumba anônima, será violada noite e dia, e teus ossos, usados em magia.
Eu não tenho pena de ti. Porque o meu coração parou de bater e há muito tempo morri. Também não pense que é eterno. Quem sabe não nos encontramos no inferno? Ao nono círculo, o dos traidores e, mergulhados no Cócito, abraçados como ex-amantes, compartilharemos extremos horrores.

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